A 27 de junho, pelas 22h15, o Canal HISTÓRIA estreia em exclusivo “Ficheiros Secretos do Vaticano”, uma série de quatro episódios sobre os documentos privados que, em 2019, foram retirados dos arquivos do Vaticano, tornando-se públicos pela primeira vez.
‘A Igreja não receia a História’. Foi com estas palavras que, há quatro anos, o Papa Francisco abriu os arquivos do Vaticano relativos ao Papa Pio XII, uma das figuras mais controversas da História contemporânea.
Pela primeira vez, milhões de cartas, despachos secretos, telegramas, súplicas e inúmeros outros documentos foram tornados públicos aos académicos do mundo inteiro. Hoje, décadas volvidas, podemos investigar aquele que foi conhecido como “o Papa do Silêncio”.
Para uns, foi o Papa que não condenou a loucura criminosa de Hitler, tornando-se quase seu cúmplice. Para outros, o silêncio de Pio XII constituiu uma arma contra o Führer, através de despachantes e intervenções secretas. Décadas de amarga controvérsia quanto às ações do referido Papa podem agora ser sanadas de forma definitiva.
Eugenio Pacelli é o embaixador do Vaticano em Berlim e assiste à ascensão política de Hitler. A ideologia antissemita do Nazismo é imparável e, poucos anos depois, o drama dos Judeus na Alemanha acentua-se, por exemplo, com a implementação das leis raciais e a Noite de Cristal. Documentos inéditos da Santa Sé demonstram que o Vaticano tentou travar Hitler, encorajando a emigração dos judeus alemães. Mas para onde? Em 1938, a Conferência de Évian juntou os principais estados ocidentais, mas nenhum deles quis aceitar judeus alemães, já que o antissemitismo não era um problema exclusivamente alemão… Em março de 1939, Eugenio Pacelli é eleito Papa, com o nome Pio XII, numa altura em que se adensam as nuvens da guerra. O que fará o Papa Pio XII? Condenará abertamente o Nazismo, ou permanecerá em silêncio? E porquê?
Iniciada a II Guerra Mundial, milhões morrem devido à loucura de Hitler. Sob a Basílica de S. Pedro, realiza-se uma escavação arqueológica para encontrar o túmulo do santo fundador da Igreja, mas Pio XII explora o local para reuniões secretas com a resistência alemã antinazi. Pacelli dispunha de informações que podiam alterar o rumo da guerra, mas os Aliados não confiaram e Hitler tirou partido disso conquistando França. Com toda a Europa continental sob o seu controlo, o Führer decide resolver a questão dos Judeus de uma vez por todas. Inicialmente, os Alemães pensam numa deportação em massa para Madagáscar, porém, quando se apercebem de que, tratando-se de milhões de pessoas, o plano é inexequível, Hitler resolve-se pela ‘Solução Final’, enviando os Judeus para a morte nos campos de concentração. O que poderá Pio XII fazer contra tal insanidade? E porque não condena publicamente a medida?
Em 1943, Itália, esgotada pela guerra, rende-se aos Aliados, sendo imediatamente ocupada por colunas de soldados alemães. A própria cidade de Roma é invadida pelas tropas nazis, que começam a sitiar o Vaticano; ninguém pode entrar ou sair.
Hitler quer vingar-se do Papa, pois sabe bem que Pio XII está em contacto com os Aliados, pelo que elabora um plano para invadir o Vaticano, capturar o Santo Padre e deportá-lo para a Alemanha. O Papa está ciente deste plano e renuncia ao Pontificado para que Hitler capture um mero padre. Entretanto, a violência da guerra continua e os Nazis deportam judeus romanos, sem que o Papa possa evitá-lo, mas Pio XII reage, abrindo igrejas, conventos e até catacumbas aos perseguidos por Hitler. A colisão entre o Papa e o Diabo atinge o seu auge.
As tropas soviéticas entram em Berlim, Hitler suicida-se… o Diabo está morto. Com o fim da II Guerra Mundial, inicia-se um novo capítulo na vida de Pio XII. Embora os documentos provem que o silêncio do Papa permitiu salvar milhares de pessoas de Hitler, há um outro silêncio que requer investigação. No final da guerra, milhares de nazis deixaram a Europa e alguns membros da Santa Sé facilitaram essa fuga. Porquê? E o que sabia o Papa? Morrera um demónio, mas, na realidade, Pio XII travava uma batalha contra um outro: José Estaline, e o Comunismo. Desde a Revolução de Outubro, em 1917, que a Igreja Católica era atacada pelo Comunismo com uma repressão violentíssima, e Pio XII, sendo um veemente anticomunista, nunca desistira desta luta contra o outro Diabo.